4 hábitos saudáveis que todos os pais devem adotar para viver muito
Estudos mostram que pais tendem a ganhar peso, cuidar menos da saúde mental e adiam idas ao médico. No entanto, hábitos simples e check-ups podem mudar esse cenário.
Setenta por cento dos homens que procuram atendimento médico o fazem por influência dos familiares, conforme levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo. O mesmo estudo revela um dado preocupante: mais da metade desses pacientes adia a consulta médica, chegando ao consultório com doenças já em estágio avançado¹.
Quando o foco é a saúde do coração, os homens enfrentam um risco ainda maior. De acordo com o Ministério da Saúde², a probabilidade de os homens morrerem por doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as cardiovasculares, é de 40% a 50% superior a das mulheres.
O cardiologista Carlos Eduardo Suaide, coordenador da cardiologia dos laboratórios Alta, Delboni, Salomão Zoppi e Lavoisier, da Dasa, líder de medicina diagnóstica no Brasil, destaca que hábitos simples e check-ups regulares fazem toda a diferença na prevenção. “É possível identificar sinais precoces de risco com exames não invasivos, tratamentos modernos e mais efetivos para o controle do colesterol e ações personalizadas que consideram, inclusive, a individualização para gênero, já que neste último os sintomas são diferentes entre sexo. “Nos homens, sinais de alerta como dor no peito, cansaço extremo ou pressão alta; já nas mulheres, os sintomas costumam ser atípicos, como náusea, desconforto abdominal e até dor nas costas, o que dificulta o diagnóstico e agrava os riscos”, afirma.
Especialistas multidisciplinares listam três hábitos saudáveis essenciais que todos os pais deveriam adotar para garantir uma vida mais longa e saudável.
1. Trate o colesterol como ele merece: com atenção real
Além dos marcadores tradicionais como o colesterol LDL e o não-HDL, um novo indicador vem ganhando destaque nos exames: a apolipoproteína B (apoB), que mede de maneira mais precisa o risco cardiovascular.
Isso porque, ao contrário dos testes convencionais que medem a quantidade de colesterol, a apoB quantifica diretamente o número de partículas aterogênicas — aquelas capazes de se acumular nas artérias e causar entupimentos.
Como explicam as médicas Dra. Clarisse Ponte, Helane Gurgel e Laura Girão, autoras da publicação de Dasa Educa “Apolipoproteína B (apoB) versus colesterol LDL e colesterol não-HDL: Qual o melhor marcador para avaliar o risco cardiovascular?”3, esse marcador oferece uma visão mais fiel do risco real à saúde do coração.
A boa notícia é que já existem novas terapias por infusão capazes de reduzir significativamente o colesterol, especialmente em pessoas com alto risco cardiovascular. Essa tecnologia de ponta já está disponível no Brasil, ampliando as possibilidades de prevenção para quem precisa de cuidados mais intensivos.
2. Movimente-se, mesmo sem tempo
O sedentarismo é um dos maiores vilões do coração. Um estudo conduzido da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e publicado no European Journal of Preventive Cardiology, concluiu que o estilo de vida sedentário é associado ao risco aumentado de diabetes, de doença cardiovascular e de morte.4
De acordo com a dra. Fernanda Erthal, cardiologista do Bronstein e CDPI, também da Dasa, no Rio de Janeiro, para entender como anda o ritmo e fôlego existem exames que podem mensurar a resistência de seu corpo: eletrocardiograma, teste de esteira, painel lipídico e análise genética que ajudam a identificar riscos silenciosos, como o colesterol alto e alterações no ritmo cardíaco.
“A importância do check-up está ligada ao seu caráter preventivo. Além de avaliar o estado geral de saúde da pessoa, também pode detectar doenças em estágio inicial, possibilitando o início de tratamento antes de complicações que prejudiquem o organismo e a qualidade de vida.”, comenta.
3. Coma com equilíbrio, não com culpa
Trata-se de fazer melhores escolhas. Reduzir o consumo de gorduras saturadas, embutidos e frituras, e priorizar frutas, vegetais e fibras já melhora significativamente o perfil lipídico. “É preciso ter atenção, porque o peso ideal não diz tudo. O coração pode estar sobrecarregado mesmo em pessoas magras”, reforça Dr. Suaide.
Pesquisas indicam que os homens ganham peso após se tornarem pais. Um estudo da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos5, acompanhou mais de 10 mil homens da adolescência até a idade adulta e constatou que, em média, homens que vivem com seus filhos ganharam cerca de 2 quilos após a paternidade. Aqueles que não moram com os filhos ganharam aproximadamente 1,5 quilo. Já os homens sem filhos, na mesma faixa etária, perderam peso no mesmo período. Esse ganho de peso representa um aumento de 2,6% no índice de massa corporal (IMC) dos pais residentes e 2% no IMC dos pais não residentes.
Os pesquisadores atribuem esse aumento a mudanças no estilo de vida, como menos tempo para se cuidar, mudanças nos hábitos alimentares e maior responsabilidade familiar, que podem levar ao consumo maior de alimentos calóricos e menor prática de atividades físicas. Esse fenômeno é preocupante pois o aumento do IMC eleva o risco de doenças cardíacas, diabetes e câncer.
4. Cuide da saúde mental — seu coração sente tudo
Estresse crônico, ansiedade e noites mal dormidas afetam diretamente a saúde cardiovascular. Homens, em especial, têm mais dificuldade de verbalizar emoções, o que pode agravar o risco. Homens que apresentam dificuldades para verbalizar emoções tendem a manifestar maior níveis de estresse acumulado, depressão não diagnosticada e comportamentos de risco (abuso de álcool, isolamento). Esses fatores psicológicos impactam diretamente a saúde cardiovascular, pois o estresse crônico eleva a pressão arterial e inflamação, aumentando o risco de doenças cardíacas. Um artigo da Journal of Behavioral Medicine (2016) relaciona a repressão emocional masculina com pior prognóstico em cardiometabólicos.
Uma pesquisa realizada pelas empresas Parents and Verywell Mind com 1.600 pais norte-americanos, revela que eles sentem que estão sendo negligenciados6. A saúde mental dos pais é uma questão crítica que exige mais atenção e desestigmatização. A sociedade precisa apoiar os pais para que se sintam confortáveis em buscar ajuda e expressar emoções. A pesquisa revelou que 75% dos pais desejam mais suporte em saúde mental, mas enfrentam barreiras como estigma e medo de julgamento. Em termos de expressão emocional, 44% se sentem pouco ou nada confortáveis em compartilhar suas emoções, com apenas 24% discutindo saúde mental com amigos, enquanto 27% nunca o fazem. Sobre conversas com os filhos, embora 84% considerem importante abordar o tema, 37% enfrentam dificuldades nesse diálogo.
No contexto pós-parto e de amizades, 21% relataram depressão pós-parto, 51% perderam contato com amigos após se tornarem pais e apenas 8% conseguiram fazer novos amigos. No ambiente de trabalho, 50% se sentem apoiados, mas 62% apontam a renda como o maior estressor, sendo que apenas 40% já tiraram um dia de saúde mental e 30% nunca ouviram falar dessa prática. Por fim, em relação à terapia, 28% receberam diagnóstico de transtorno mental, com variações por renda, e tanto o custo quanto o medo de julgamento, citado por 25%, são obstáculos significativos para buscar ajuda profissional.
Terapia, meditação, descanso e momentos de lazer e interação com os filhos também são formas de prevenção.
Referências:
Ministério da Saúde. Saúde do homem: prevenção é fundamental para uma vida saudável.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/saude-do-homem-prevencao-e-fundamental-para-uma-vida-saudavel-2/. Acesso em: 30 jul. 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-do-homem#:~:text=O%20objetivo%20da%20PNAISH%20%C3%A9,de%20risco%20e%20vulnerabilidades%20associados. Acesso em: 30 jul. 2025.
DASA EDUCA. PONTE, Clarisse; GURGEL, Helane; GIRÃO, Laura. Apolipoproteína B (apoB) versus colesterol LDL e colesterol não-HDL: Qual o melhor marcador para avaliar o risco cardiovascular?. Disponível em: https://dasaeducaeventos.com.br/biblioteca-cientifica/artigos/apolipoproteina-b-apob-versus-colesterol-ldle-colesterol-nao-hdl-qual-o-melhor-marcador-para-avaliar-o-risco-cardiovascular. Acesso em: 30 jul. 2025.
LADENVALL, Per et al. Low aerobic capacity in middle age associated with increased mortality: 45-year follow-up of a cohort of 50-year-old men. European Journal of Preventive Cardiology, v. 23, n. 11, 2016. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/2047487316655466. Acesso em: 30 jul. 2025.
GARFIELD, Craig F. et al. Longitudinal study of body mass index in young males transitioning to fatherhood. American Journal of Men’s Health, v. 9, n. 5, 2015. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1557988315596224. Acesso em: 30 jul. 2025.
VERYWELL MIND; PARENTS. Dads and Mental Health Survey. 2023. Disponível em: https://www.verywellmind.com/dads-and-mental-health-survey-7508964. Acesso em: 30 jul. 2025.
Publicar comentário