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A solitude se tornou um estilo de vida em crescimento

A solitude se tornou um estilo de vida em crescimento

Mais do que  uma condição social momentânea, viver só é encarado por muita gente como uma opção de vida. No Brasil já são cerca de 12 milhões de brasileiros que vivem sozinhos. De olho nesse público single, o mercado imobiliário lança produtos para quem quer um pouco menos de espaço, mas não abre mão do luxo e da comodidade

No próximo 15 de agosto, caindo convenientemente numa sexta-feira, é celebrado o Dia Nacional dos Solteiros. Segundo dados do último Censo Brasileiro divulgados em 2023, 81 milhões de brasileiros se declaram oficialmente nesta condição. O número é bem maior dos que se declaram casados, que é de 63 milhões de pessoas no país.

Segundo o último censo, aumentou o número das chamadas famílias unipessoais. Em 2010, as residências com apenas um morador representavam 12,2%; em 2022, esse percentual saltou para 16%, o que equivale a quase 12 milhões de brasileiros que vivem só.

Esse comportamento impacta diversos setores, como a indústria de entretenimento, turismo, viagens e, especialmente, o mercado imobiliário, que nos últimos anos passou a desenvolver produtos específicos para esse público single.

De acordo com Ricardo Teixeira, especialista imobiliário com 34 anos de experiência e sócio-diretor da Urbs, um dos maiores grupos imobiliários do Centro-Oeste, a demanda por imóveis compactos ou de apenas um dormitório — embora não represente a maior fatia nas operações do mercado — sempre existiu e continuará crescendo nos próximos anos.

“Um estudo da consultoria Euromonitor International aponta que o número de pessoas vivendo sozinhas no mundo deve aumentar 20% até 2040. Isso se deve, em grande parte, a novos estilos de vida, ao avanço das tecnologias que trazem mais autonomia para as pessoas — que, muitas vezes, não se sentem solitárias, mas preferem morar sozinhas”, avalia Ricardo.

Ainda segundo o especialista, a oferta de imóveis compactos, especialmente os de luxo, tende a crescer não apenas para atender solteiros por opção, mas também demandas relacionadas a questões profissionais, de saúde, novos formatos familiares e mudanças no status conjugal.

“Além dos solteiros convictos, percebemos que imóveis compactos, sobretudo os de alto padrão, atendem executivos em estadias temporárias, casais sem filhos, turistas em tratamentos hospitalares, estudantes universitários e até quem busca hospedagem para grandes eventos, como shows em Goiânia. Outro público que vem crescendo é o de divorciados, que voltam a viver sozinhos e precisam repensar seu espaço”, afirma Ricardo.


Comodidade

Segundo Teixeira, o mercado imobiliário tem se adaptado para facilitar a vida de quem mora só — seja por opção ou por circunstância.

“A principal mudança é a modernização dos produtos, priorizando localizações nobres, onde tudo esteja a poucos passos de casa. Quem mora só busca comodidade, mas também quer o mesmo padrão de conforto e qualidade construtiva dos imóveis voltados para famílias maiores. Isso explica o aumento no lançamento de compactos de luxo”, diz o especialista.

Ele ressalta que imóveis compactos também são atraentes para investidores, especialmente em regiões nobres ou consolidadas. “Pesquisas em grandes capitais mostram que as pessoas preferem morar próximas ao trabalho, mesmo que isso signifique reduzir o tamanho do imóvel”, afirma.

Para atender essa demanda, as incorporadoras têm criado projetos que unem comodidade, conveniência, segurança e lazer. “Hoje é comum vermos prédios com lavanderia, minimercado, áreas de delivery, coworking, academias, piscina com raia, paisagismo e até parques urbanos”, detalha Ricardo.

Ele acrescenta que morar sozinho não significa querer espaços minúsculos. “Muitos solteiros optam por imóveis de dois quartos, usando o extra como escritório, biblioteca ou quarto de hóspedes. Além disso, valorizam áreas comuns para interação social, como espaços gourmet e lobbies no estilo hotel, que incentivam a convivência”, explica.


Demanda em alta

Em Goiânia, um estudo da Ademi-GO em parceria com a Brain Inteligência Estratégica mostrou que, no segundo semestre de 2022, foram vendidos 471 apartamentos de um quarto. No mesmo período de 2023, foram 529 — alta de 12%. Já em 2024, o número saltou para 885 unidades, um crescimento de 67%. Nos últimos dois anos, a quantidade de lançamentos desse tipo na capital mais que dobrou (164%).

A Sim Incorporadora, especializada em imóveis de médio e alto padrão e com mais de 20 anos de atuação, também aposta nesse segmento. Entre seus lançamentos estão o Noah Sim Home, no Setor Bueno, e o 140 Wellness Marista, ambos com plantas de um e dois quartos e metragens entre 47 m² e 79 m², localizados nos bairros mais valorizados da cidade.

Segundo Guido Santos, coordenador comercial da Sim, os empreendimentos oferecem diferenciais como academia, sauna, SPA, yoga, churrasqueira gourmet, beach tennis, lavanderia, bicicletário e coworking. “A demanda por apartamentos compactos vem crescendo. O Noah, por exemplo, vendeu quase 100% das 35 unidades de um quarto apenas na semana de lançamento”, revela.

O 140 Wellness Marista, com área de lazer no rooftop, inclui piscina com borda infinita, prainha, academia, sauna, SPA, minimercado e sala de jogos. “Quem mora só quer praticidade, mas também deseja o melhor da vida”, destaca Guido.


Origem do Dia do Solteiro

No Brasil, a data é celebrada em 15 de agosto, mas no restante do mundo, o 11 de novembro é o dia oficial. A tradição surgiu nos anos 1990, quando universitários de Nanjing, na China, criaram a data para celebrar a vida de solteiro de forma positiva. A ideia se espalhou e virou costume em vários países.

No Brasil, acredita-se que a escolha de outra data esteja ligada a campanhas comerciais de grandes plataformas de vendas online, voltadas ao público solteiro.

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