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A conexão da Gen Z com os anos 90 é vontade de desconexão

A conexão da Gen Z com os anos 90 é vontade de desconexão

Uma pesquisa citada pelo The New York Times revelou que 60% dos jovens adultos gostariam de ter vivido em uma época menos conectada. Talvez seja por isso que Walkman, Tamagotchi e câmeras descartáveis, símbolos dos anos 90, viraram objetos de desejo da Geração Z. Psicólogos chamam isso de “nostalgia histórica”: saudade de um passado não vivido, que está muito distante dos tempos de excesso de tela.

Essa busca por um tempo “menos conectado” não é apenas uma questão estética ou de estilo. Ela reflete uma insatisfação profunda com o presente. 80% dos jovens adultos da Geração Z dizem temer a dependência tecnológica, e 75% veem as redes sociais como uma ameaça à saúde mental.

Um estudo apresentado pelo The Economist também revela que não há mais a crise dos 40 anos: a infelicidade tem começado nos 20, muito por conta do estilo de vida sempre online. Tudo isso indica que o excesso de conexão pode trazer uma desconexão consigo mesmo.

A nostalgia, antes vista como uma “fuga improdutiva”, agora ganha outra interpretação. Estudos indicam que ela pode trazer conforto, pertencimento e até inspiração. Para a Geração Z, pode ser um jeito de equilibrar a vida digital com pequenas doses de conexão mais tangível.

Mas será que essa busca por um passado idealizado é saudável? Ou estamos ignorando os avanços e aprendizados que o presente nos oferece? É possível que, ao tentar reviver os anos 90, estejamos apenas escapando das complexidades e desafios do mundo atual.

A Geração Z está nos mostrando que, talvez, o que falta não seja tecnologia, mas humanidade. Talvez precisemos de mais momentos offline, de mais interações reais, de mais simplicidade. E quem sabe, ao olhar para o passado, possamos encontrar pistas para um futuro mais equilibrado e conectado com o que realmente importa.

*Letícia Porfírio é graduada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, mestre em Comunicação e Linguagens, doutoranda em Comunicação e Linguagens e professora do CST Marketing Digital na Uninter.

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