Busca por educação no Google ultrapassa entretenimento, alimentos e eletrodomésticos

De acordo com a pesquisa State of Search Brasil, da agência de SEO Hedgehog Digital, que vem estudando o comportamento de busca digital do brasileiro desde 2020, a procura por compras e investimento na área de educação, em 2022, ultrapassou as categorias “Entretenimento”, “Supermercado” e “Eletrodomésticos”.

No ranking geral, pesquisas relacionadas a cursos ficaram na terceira posição, atrás apenas de alimentação e moda. Em 2021, o interesse por elementos de educação ficou em sexto lugar.

Diferentes aspectos do mercado de trabalho e as mudanças de hábitos causadas pela pandemia são alguns fatores que podem explicar esses resultados.

Mercado de trabalho

Embora ainda existam cerca de 9,5 milhões de brasileiros desempregados, segundo o IBGE, a taxa de desemprego caiu drasticamente no último ano. Do pico de 13,1%, despencou para 8,7% entre agosto de 2021 e 2022, o que representa a maior queda no recuo do desemprego entre os países do G20.

De acordo com especialistas, isso aconteceu porque o Brasil tem uma grande volatilidade em relação aos empregos. Além do crescimento do setor de serviços, o avanço da vacinação contra a covid-19 também alavancou o cenário econômico.

Capacitação

Ainda há o fator da capacitação. Em um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo, com funções relativamente novas e sofisticadas, há a necessidade de profissionais devidamente qualificados para ocupar essas posições. Ao mesmo tempo, as empresas têm dificuldade para encontrar mão de obra que atendam a seus requisitos.

A falta de qualificação deixa milhares de vagas de emprego desocupadas, mas muitos candidatos já estão cientes de que a capacitação profissional é um meio para aumentar o quanto ganham. Um levantamento feito pela Catho Educação aponta que profissionais com pós-graduação ou mestrado/doutorado ganham até 53,7% e 47,4% a mais, respectivamente.

Os candidatos também veem mais possibilidades de conquistar vagas de empregos com a ajuda de cursos livres e de extensão. Uma entrevista com 1,5 mil pessoas na plataforma Google Survey, em julho de 2022, revelou o interesse dos entrevistados em diferentes modalidades de educação:

• Cursos livres (29%)
• Cursos de idiomas (25%)
• Cursos de graduação (18%)
• Ensino Fundamental e Médio (11%)
• Cursos preparatórios (11%)

Ao adequar esses dados à população e aos índices de acesso à internet no Brasil, estima-se que cerca de 28 milhões de pessoas se interessem, por exemplo por cursos livres on-line.

Frutos da pandemia

Com o isolamento social como medida para que o coronavírus não se propagasse ainda mais, milhões de brasileiros passaram a fazer tudo em casa, desde estudar a trabalhar – e sempre pela internet.

Com isso, a busca por cursos on-line cresceu de maneira bastante significativa durante os momentos mais tensos da pandemia. Na plataforma Hotmart, o volume de compras cresceu 161% entre maio de 2019 e de 2020. Já a HeroSpark, em comparação a novembro e dezembro de 2019 e 2020, registrou um crescimento de 1002% na busca por seus serviços.

Muitas pessoas aproveitaram o momento de distanciamento para aprenderem novas habilidades ou se especializarem ainda mais nas áreas em que já atuavam. Por outro lado, também sabe-se que muitos usuários embarcaram em cursos digitais para passar o tempo enquanto só podiam ficar em casa.

De qualquer maneira, o EaD (Ensino a Distância) se popularizou de forma estrondosa na pandemia e se estabeleceu de vez em instituições de ensino e empresas especializadas.

Ensino a Distância

O Censo da Educação a Distância, estudo realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), constatou que 34% das 51 instituições de ensino que participaram do levantamento tiveram um avanço no número de matrículas dos cursos on-line.

Dados do Censo da Educação Superior 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o EaD teve um alta de 474% na última década, de 2011 a 2021. Apenas no ano passado, foram feitas mais de 3,7 milhões de matrículas em cursos a distância.

Mas não foram apenas as instituições públicas e privadas de ensino que se adaptaram a essa nova realidade. As startups de educação também são peças importantes nos novos moldes do ensino.

A Cambly, que aposta em cursos de inglês on demand (sob demanda) a distância, divulgou que o número de matrículas para crianças disparou em 132,9% apenas em 2021. Oferecendo um processo de aprendizagem mais flexível e personalizado, as aulas se diferem do modelo tradicional, encaixando-se ao nível de conhecimento e rotina dos alunos.

Diante disso, conforme informações do Censo de Educação Superior 2020, o EaD é mais comum entre os jovens (média de 26 anos) e para aqueles que buscam grau acadêmico de licenciatura.

O poder do YouTube

A pesquisa da Hedgehog Digital mostra que, embora o Google ainda seja o principal canal buscador do Brasil, o YouTube vem ganhando cada vez mais força, estabelecendo-se como a segunda ferramenta de busca mais utilizada do país.

Esse fato também tem influência na educação. No evento Think Education With Google, promovido pelo Google em agosto de 2022, o YouTube foi atribuído como um elemento de grande impacto no dia a dia do brasileiro em diversas áreas. Apenas neste ano, foram registrados 130 milhões de inscritos nos 50 principais canais de educação da plataforma.

As buscas por cursos no YouTube aumentaram em 70%, com cerca de 8 milhões de inscritos interessados em cursos preparatórios e 9 milhões em cursos de idiomas. Neste último caso, o aumento é de 39%.